E agora oh! Produtor, oh! Férvido Operário
Que escravo, sonolento, exausto e moribundo
N’um século de luz, sucumbes sem vestuário,
Faminto e obcecado, inerte e gemebundo:
Não esperes jamais que o Estado, teu coveiro,
Te venha defender das garras da riqueza:
O Estado é teu verdugo, O Estado é carniceiro,
O Estado é a burguesia, o Estado é a torpeza!
Os maiores ladrões e os grandes criminosos
Ali vão se acoitar buscando impunidade!
Só eles são os bens, nós somos “perigosos”
Defendendo a Justiça e exigindo a Verdade!
Os homens do poder impedem que se aspire
A flor da liberdade, a estrela do Anarquismo!
Porque ele vem trazer por certo quem conspire
Contra os crimes senis do falso socialismo!
É por isso que espero e sonho o Povo unido,
Soldado, camponês, doutores e operários
Na mesma inspiração de um Ideal Partido
Que destrua de fato a força dos sicários!
Eu quero ser humano e praticar a Justiça!
E vê-la praticada em todo este universo...
E desejo igualmente a extinção da cobiça
Pela união geral desse povo disperso!
A terra não tem dono! As terras se tranqueiam!
E entretanto ainda existe a tal propriedade!
P’ra dividir o Mundo em pátrias que guerreiam
Combatendo o Direito, o Amor e a Liberdade!
Abaixo esta justiça iníqua que se vende!
Abaixo as leis do pobre e não dos abastardos!
Que tal desigualdade o nosso brio ofende
E nos faz com razão eternos revoltados!
Adalberto Vianna
Foto: manifestação de rua de operários grevistas em São Paulo durante os anos 1910. Fonte: TOLEDO, Edilene. Anarquismo e sindicalismo revolucionário: trabalhadores e militantes em São Paulo na Primeira República. São Paulo: Perseu Abramo, 2007.
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