O Amor

Aí tendes o Amor do século pujante,
A portentosa lei que há-de reger o mundo,
Quando o sol, que hoje rompe apenas no levante,
Atingir do zenite o páramo fecundo.

É forçoso que após a morte desastrosa
Das divindades vãs, fantásticas de outrora
Se eleve, como um astro, a crença luminosa
De uma igreja maior, mais forte e duradoura.

Seja pois o universo a Grande Igreja
Onde o novo ritual em pompas de Thabor
Se célebre, e cada um o sacerdote seja,
E cada peito o altar da religião do Amor.


Augusto de Lima
"Em A Lanterna, semanário anticlerical libertário, São Paulo, 27/06/1914"