A União

Acordo todos os dias,
Na miséria
Busco uma alternativa de vida,
Mas sou barrado,
Pela fome e pela ira,
As pessoas se afastam,
Ficam com medo,
Me acham perigoso,
Nessa sociedade sou o significado de horroroso.

Vai trabalhar vagabundo,
São palavras pronunciadas constantemente aos meus ouvidos,
Não me dão emprego,
De pedinte a pedinte sobrevivo.

No meu redor,
Observo a riqueza,
Tento adquiri-las,
Mas constantemente sou acordado por um policial,
Me obrigando a deixar de sonhar,
Volto a pedir no sinal,
Volto a realidade.

Ei  me de um trocado,
Para eu comprar cola e me manter acordado.

Mas um sinal se abre,
Na minha mão
A difícil missão,
Matar a fome
Comprar um pão,
Ou enganar a realidade
Com um pouco de alucinação.
Dias em dias,
Passo sempre nessa indecisão.

Vejo fábricas funcionar,
Senhores de ternos em seus carros a chegar,
Pessoas uniformizadas a entrar.
Percebo há vários anos,
 Que os senhores de ternos,
São filhos e netos de outros senhores
Que também usavam ternos.
As pessoas uniformizadas são filhos dos mesmos uniformizados,
Que trabalhavam ali.
Percebo que se mantém a mesma lógica,
Desde quando estou na rua.
Os mesmos discursos de políticos
Que pronunciava a melhoria do povo
Se mantém agora com artifícios
Mais modernos.
Tento ler o jornal que usei para dormir,
Nenhuma novidade,
Somente a crua realidade,
Trabalhadores entram em greve,
Diz a reportagem,
Mais uma luta contra o explorador.
Certa vez ouvi de um trabalhador,
Nossa luta é gigantesca,
Estejamos preparados,
Ao me relembrar dessa frase,
Preparo-me para difícil missão,
Destruir o patrão.


Adriano José

Eleições


Festival republicano
Um tal “povo soberano"
E cores de autonomia
Escolher quem lhe dará o cano
Louvores à democracia !

Deusa da mitologia governista
De antigos gregos e romanos
Não se sabe se petistas ou tucanos
Mas clamaram “Terra à vista”            

Terra de muito gado
E errado é quem avisa
Que nem só de câmara e senado
Viverá quem nos inferniza

Eleição aberta minha gente !
Escolha seu candidato
Então virá mais um mandato
E a mesma merda de sempre

Uns mandam outros obedecem
Uns mamam outros padecem
Empanturrar de ilusões!
Vacas e bois humanos

“ Exercer a cidadania"
Um exercício que se limita
Em apertar botões...

A cada dois anos


Aurélio
de agosto 2012

Ao operário



Operário ignorante e maltrapilho,
escravo, ilota da moderna idade
que neste afã perdes a cor e o brilho
de olhar, fanado a flor da mocidade,

                    que vês de fome definhar teu filho
                    e de teu lar fugir a alacridade,
                    desperta finalmente e segue o trilho
                    da rebeldia e da felicidade!

Atenta na objeção em que caíste
a ardente voz dos teus irmãos escuta,
pensa na agrura de teu fado triste

                   e, sem achares forças que te domem,
                   quebra os grilhões, instrui-te e altivo luta
                   por seres livres - para seres “Homem”!


Sylvio Figueiredo
“A voz operária” Campinas, 13/01/1920

Imagem: Operário no garimpo de Serra Pelada foto de Sebastião Salgado 

Los Capitalistas

Son los cadetes de la Gascuña
Que a Carbón tienen por Capitán

Cyrano de Bergerac
Hulton Archive/Getty Images
(OS PIONEIROS
Capitalistas na Bolsa de Valores de Londres, em 1891.)
Son los feroces capitalistas
que un dólar llevan por corazón
Despiadados en sus conquistas
son los feroces capitalistas,
siempre teniendo quijadas listas
para pegarnos el mordiscón,
van los feroces capitalistas
que un dólar llevan en el corazón.

Son los hipócritas, son los felinos
que hacen a bombo la caridad
Muy obsequiosos y muy ladinos
son los hipócritas, son los felinos.
Si no se lanzan a los caminos,
es porque operan en la ciudad
esos hipócritas, esos felinos
que hacen a bombo la caridad.

Garras de tigre, dientes de lobo,
se dan por los labios que arrojan miel
¡Cuánto celebran lo honesto y probo,
garras de tigres, dientes de lobo!
No ven delito mayor que el robo
de los que viven gozando de él
Garras de tigres, dientes de lobo,
se dan por labios que arrojan miel.

Son los verdugos del proletario
los que exprimen sangre y sudor.
Siempre celosos del monetario,
son los verdugos del proletario.
Lucen por fuera lo humanitario,
mas dentro guardan odio y rencor.
Esos verdugos del proletario,
los que le exprimen sangre y sudor.

Dueños de casas, dueños de tierras,
dueños se harían de aire y de Sol.
Son, de los mares hasta las sierras,
Dueños de casas, dueños de tierras.
Siembras rencores, atizan guerras
y a un hombre matan por una col.
Dueños de casas, dueños de tierras,
Dueños se harían de aire y de Sol.

Son unos pocos, más atrevidos,
al mundo entero dictan la ley.
Esos tiranos, nunca vencidos,
son unos pocos, más atrevidos.
Van acatados, van aplaudidos,
viendo a sus plantas obispo y rey,
pues, aunque pocos, son atrevidos
y al mundo entero dictan la ley.

¡Fuera esos duros capitalistas
que un dólar llevan por corazón!
¡Surjan las almas nobles y altruistas!
¡Fuera esos duros capitalistas!
¡Campo a las justas grandes conquistas!
¡Campo a la santa revolución!
Contra esos duros capitalistas
que un dólar llevan por corazón.


Abril de 1907
Manuel González Prada