Palavra da vontade
Com luta e expressão
Sem governantes
Estender a liberdade
Ausência de coerção
Sem o domínio da ordem estabelecida
consolidação dos ideais...

Dan

A multidão solitária

O mais triste paradoxo da vida moderna.

Vivo sozinho, encarcerado em meu castelo residencial.
As paredes são muito grossas, não consigo perfurá-las.
Tenho fobia do mundo, da vida, corro de possíveis balas.
Vivo na integralidade o supérfluo, o tédio existencial.

                              Corro de mim, mas encontro-me sozinho novamente,
                              Procuro por todos os lados, mas não vejo nada fundamental,
                              Somente um monte de pessoas em caráter acidental,
                              Nada mais que espectros com os quais vivo cotidianamente.

Nas ruas da cidade, as paredes são muito mais espessas!!
Trombo nos comércios com uma multidão de vermes,
Que deslizam lentamente, tais quais silenciosos paquidermes,
Que andam sozinhos, sisudos pelas estradas extensas.

                              No seio das cidades, onde todos se amontoam,
                              Vê-se uma multidão de espectros perdulários,
                              Sozinhos, isolados, angustiados e solitários,
                              Deslizam e pelo vulto silencioso escoam.

Este é o maior paradoxo da sociedade moderna,
No qual, juntos, os milhões são meros refratários,
Uma onda de mulheres, homens, juntos-solitários,
Espectros, zumbis, andantes da vida hodierna.


Lucas Maia

Sobrevivendo

Porque acordo todo desanimado?
Sem sentido para mais um dia,
O coração aperta, pouco brilho tem minha vida,
Sempre a mesma rotina,
Poucos momentos de esperança,
Poucos prazeres.
Essa decadência humana,
Que esse sistema nos impõe.
Dores que não são substituídas por alegrias
De mercadorias.
Compradas para te satisfazer
Como viver?
Essa pergunta inquietante
martela meus pensamentos,
A busca para o alívio está em remédios tranqüilizantes,
Que após seus efeitos
Volta às angustias constantes.
As rotinas mirabolantes
A medicação não cura,
Não sara não alivia,
As alegrias momentâneas,
todos os dias são substituídos
por trabalhos sem sentidos.
A rima volta a se perder,
Porque a vida deixa de ser interessante,
O poema deixa de existir,
Para mais uma bobagem persistir
A quem assistir
Patati Patatá
pela televisão
ou o professor Girafales falando Tatatá.
A quem agradar?
o sistema quer aumentar o controle sobre minha vida.
E mais um dia passar.
Sinto muito sistema,
Você não sobreviverá
o seu controle sobre aqueceu
A minha sobrevivência
Formou minha consciência,
Para lutar contra essa realidade
Em busca da liberdade.
voltar a sorrir,
poemas voltar a produzir,
a rima da alegria persistir,
principalmente no seu fim
cantaremos felizes,
no enterro de milhares de cadáveres,
todos burgueses.
O fim está próximo,
Corram, fujam, desapareçam
Porque o sorriso vencerá toda a tristeza que vocês nos impôs.
Cuidem-se...


Adriano José