No Silêncio das Selvas....

Na negra solidão deste degredo infindo,
Neste recanto agreste onde a malária impera
Numa angústia ferina e atroz que desespera,
A vida pouco a pouco se vai, além, sumindo.

Em meio da mata brava a Razão prolifera,
Medra se concretiza e, alegre, vai florindo.
O vergel do futuro, esperançoso e lindo
C'os frutos da Verdade acena a quem espera.

Bondoso, e revoltado, o coração ferido
Prosseguirei na luta heróico e destemido
Bradando altivamente: - Abaixo a tirania!

Além já a divisa o Sol da Redenção
Que um passo marcará na humana Evolução,
É o sol da liberdade, a sublime Anarquia!

Domingos Braz
"(Campo de Concentração do Oiapoque-Clevelândia, 1925). Reproduzido em A Plebe, São Paulo, 12-2-1927" Edgar Rodriges