A Paz

Não mais nossos ouvidos da metralha
Ouçam a voz, os ecos pavorosos;
Cesse p'ra sempre o ruído da batalha
O fragor dos combates sanguinosos.

Não mais da guerra a lúgubre mortalha
Traga no bojo crimes horrorosos;
Armas deponha a gente que trabalha,
Por ódios dividida, venenosos.

Volte de novo aos teares, à charrua,
Às sementeiras, prélio já esquecido,
A hoste da fome, esfarrapada e nua.

Potente, um grito então vibre na terra,
Da nova gente popular nascido:
Paz entre nós! Guerra aos senhores, Guerra!


Daniel de Montalvão
Publicado em Voz do Povo, diário anarquista - Rio de Janeiro 01/05/1920

Imagem: Protesto anarquista em Lisboa - Portugual, 2016




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