Pelo trilho apagado,
onde teu passo leve
Em vão deixou no pó do
teu caminho,
Tento seguir-te o rumo e
transtornado, em breve,
Volto outra vez, sem fé,
para meu lar, sozinho.
Porque minh'alma, ó
Cristo, é ímpia, não se atreve
A ver na hóstia o teu
corpo e o teu sangue no vinho
E quando ao te evocar a
minha pena escreve
Que tu és Deus, a razão
se insurge e eu te amesquinho.
E esplendes, na tua
cruz, como um símbolo apenas,
Pois toda essa missão de
amor que te ilumina
É o sonho humano - o terno
ideal das nossas pernas...
E o teu grandioso
exemplo, o teu fulgor intenso,
Como o sol por detráz
das gazes de neblina,
Desmaia, sobre o altar,
entre as nuvens de incenso.
José Oiticica
-Sonetos (1905-1911)
Nenhum comentário:
Postar um comentário