A Justiça


Ouves! Retumba a torva tempestade
Que pavorosa envolve a humanidade,
No turbilhão, perene dessa vida,
Que a casta não a vê já dissolvida.

Cultos, deuses, senhores poderosos,
Erguem-se insustantes, vis, jocosos,
Defronte à torpe massa que desfila,
Sob uma carga enorme, que aniquila...

E que alguém erga a voz debilitada,
Que diga que quer pão, que quer abrigo,
Como na esquina o trôpego mendigo!...

Que invoque a lei sagrada, ou a justiça,
Que num leito de vil ouro se espreguiça:
Caprichosa Cruel Ensanguentada!...


José de Barros
"Publicado no Jornal "A Revolta", Santos, 01/05/1914"

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