Por toda parte a me cercar
E a maré cada vez a subir
Estarei condenado a sucumbir?
Essa velha terra só está a afundar
O que haverá além-mar?
Um novo mundo podemos construir
Um vida plena conquistar
Quero para isso contribuir
Quero para isso poder lutar
Dizem que a Anarquia é um delírio
Porque o oceano é infinito
Ou ainda, que no fim dele há um abismo
Mas eu não acredito nisso
Tendo a história por piso
Vejo que navegar é preciso
Me junto àqueles malditos
Amaldiçoados por pensarem além
Perseguidos ou tratados com desdém
Difícil é ser um deles também
Olho para o mar,
não posso sozinho nadar
Pois assim só irei me afogar
Sem muito longe conseguir chegar
É necessário um grande mutirão
Saio então a chamar a população
Vamos organizar uma grande expedição
É preciso construir e tomar navios
Para atravessar os mares bravios
Carpinteiros, marinheiros,
cada um de nosso meio
Vamos nos organizar
Para o mais rápido poder zarpar
Com velas alçadas o vento nos impelirá
O céu estrelado nos guiará.
Não se assustem companheiros,
pois que esse céu inteiro
Só reflete o que tem em nosso peito
O vento na verdade é de liberdade o desejo
As estrelas e os ventos, encontramos em nós mesmos.
Luiz Aurélio
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