Antítese

Donde vens, senhor assim desfigurado?
Trazes n'alma o amargor de um remorso rebel
Quem és tu? Donde vens, ó jovem desgraçado?
-Eu sou milionário e venho do bordel !

                             Meu pai, rude burguês, juntou o capital,
                             regando os cafezais com o sangue dos escravos;
                             Eu, rico bacharel, em taças de cristal,
                             Bebo caro champanhe, entes vivas e bravos!

-E tu homem de ferro, altivo, musculoso,
Que alegria tão sã tua fronte ilumina?
Quem és tu? Donde vens ó homem vigoroso?
-Eu sou operário, e venho da oficina!

                             Meu pai, de sol a sol, na forja se abrasava
                             Era forte e viril, forte como um leão.
                             Tinha um sorriso bom e o ferro laminava.
                             Quando a morte o feriu, no grande coração.


Benjamim mota

(Poema de Benjamim Mota dedicado a Estevam Estrella, datado de 01/05/1898)

fonte da imagem: http://www.victorianweb.org/history/work/blacksmith.html

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