A Lógica da Mercadoria

Certa feita na fábrica
Pensei que bom seria
Se conseguisse entender quando se fala
Trabalhando na esteira
Anos e mais anos na correria
Mais de oito horas por dia
Percebo que os minutos soam como a vida inteira
Parece não ter fim esta agonia

Sinto-me um apêndice da máquina
Tudo me faz ter apatia
Meu trabalho vivo dá vida e gera valor novos aos produtos
Mas me roubam o suor, o sangue, a criatividade e a alegria

Percebo que esta situação há certo tempo não só minha cabeça influencia
Deixando a mim e demais como eu num estado profundo de letargia
Devemos compreender que esta sociedade tem fundamento real:
Uma certa coisa chamada de mais-valia

Se produzimos tudo o que aí está
Da calada da noite até o raiar do dia
Por que é que o produto de nosso trabalho
Fica reservado a uma pequena minoria?

Esta tem a propriedade mas não trabalha
Privando-nos da gestão do trabalho e de sua primazia
E a seu serviço tem um aparato forte que nos mantém sob constante vigia
Tem estado, meios de comunicação, polícia e sua amiga burocracia

Declaremos guerra à inimiga da humanidade, pois agora sabemos de onde e vem e como se cria:
Brutal exploração que nos perpetra e quer a todo custo esconder
A odiosa, vil e hipócrita burguesia!


Rubens Vinicius

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