Pego-me constrito, macilento, arruinado,
Sentado no sofá, em frente à TV.
Tento sair. Mas para onde?
Meu trabalho é uma droga. Não quero nele estar.
Devo ir à igreja então?
De tanto que já rezei, hoje sou ateu.
Vou procurar um pouco de lazer...
São todos tão programados, que me dão sono.
Dizem que consumir no shopping center é revigorante...
Os produtos são de mim muito vazios.
Tento um futebol aos finais de semana com os amigos,
Uma cerveja no bar preferido.
Isto até que é bom...
O problema é tê-los em horários determinados por outros.
Hora de acordar, hora de dormir,
Hora de trabalhar, hora de divertir,
Hora de lazer, hora de rezar,
Hora de estudar, hora de amar.
Tudo é parte do jogo sem graça da maquina social.
Funciono dentro dela. Não a coloco sob meu jugo.
Obedeço-a. Não a controlo.
Estou nela, mas não a vivo.
A vida moderna
Só consegue produzir o tédio moderno,
A loucura moderna, a insensatez moderna.
Enfim, a vida de cada dia é a morte de todos os dias.
Lucas Maia