O principal libelo de nosso mundo é a engrenagem mecânica.
Roda nela o ser humano dentro de uma ordem todo tirânica.
Para produzir uma montanha de inutilidades industrializadas
Trabalha o operário, cotidianamente, em dinâmicas rotinizadas.
Toda a vida que um mundo inteiro de relações cria
É simplesmente uma arte administrada contra a alegria.
Mas a dor da repetição realizada de forma infinita
É sentida de modo alucinante pela multidão aflita.
E a engrenagem roda muito violenta: dente-a-dente.
Em cada vão segundo, tomba mais um homem doente.
Pois na repetição da rotina infernal sem anistia
Vive todo o povo morrendo dia-após-dia.
E da máquina que funciona impassível
Brota uma lógica social quase invisível,
Que transforma o homem em simples engrenagem
Donde ele funciona e as máquinas soberanas agem.
Hoje reina absoluta e forte dentro da oficina
A máquina, este grande monstro de rapina.
Mas a máquina é somente uma manifestação mecânica
De homens mecanizados, furiosos, tal qual lava vulcânica.
Ahhhh!!! Não se sabe hoje em dia quem é mais artificial,
Se a máquina que domina o homem ou o homem que virou metal.
Texto: Lucas Maia
Imagem: Cena do filme Tempos Modernos de Charlie Chaplin
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