Coitado! E faz de um quarto infecto, imundo,
Aperitivo, nojento, nauseabundo,
O seu divino e sacrossanto lar.
E ali, uma hora a rir, outra a chorar
Ele arrasta a existência, neste mundo,
Como um cachorro, inútil vagabundo,
À procura de um lixo pra fuçar.
É a multidão, esse poder eterno,
É esse alimento que o burguês consome
Dando-lhe, em paga, um torturante inferno.
Sempre esta coisa cômica e sem nome:
O povo mata a fome ao governo
E o governo reduz o povo à fome.
Carlos Bacelar
11/03/1933
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